Um mestre entre nós

No vocabulário do compositor e educador húngaro Ian Guest, dom não se aplica ao talento. “Sair de casa em busca de algo vem a ser um dom”, argumenta. “Agora, dom da música, dom de falar a língua nativa… é como nascer menino ou menina.” Natural de Budapeste, Guest desembarcou no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, com dezessete anos. “Foi em 1957, um ano antes da revolução na Hungria, de onde fugiram centenas de milhares de pessoas, incluindo minha família”, conta. O jovem, que começou sua relação com a música por influência da mãe e do pai, foi da primeira geração criada no Método Kodály de musicalização no Conservatório Béla Bartók, em Budapeste, desenvolvida com base no trabalho do educador e músico húngaro Zoltán Kodály (1882-1967). Kodály, em sua abordagem, coloca a sensibilização e vivência musical sistematizada à frente do processo formal de ensino e chama de canto, na rede escolar, a aula de música. “A música, para mim, sempre foi um desafio alegre, como subir uma pedra ou atravessar um rio”, compara Guest. “Comecei cantando, antes mesmo de falar.”

Acolhido pela cidade maravilhosa, o húngaro passou mais de trinta anos por lá. Graduou-se em Composição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – fora o título pela Berklee College of Music, de Boston –, viabilizou os songbooks de Almir Chediak, gravou com Radamés Gnattali, Raul Seixas, além de Vinícius de Moraes e Tom Jobim – sem contar o resto da patota da bossa nova –, e inaugurou, em 1986, o Centro Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical (CIGAM). Depois de passar por Petrópolis e Itaipava, no Rio de Janeiro, e Mariana, em Minas Gerais, época em que frequentou o Festival de Inverno de Ouro Preto e o Inverno Cultural de São João Del-Rei, conhecendo figuras como Toninho Horta e Milton Nascimento, o compositor criou raízes mineiras e foi um dos mestres a fundar a Bituca – Universidade de Música Popular, em Barbacena. Nesse meio tempo, encantou-se pela vizinha Tiradentes. No início, visitava com frequência a cidade histórica. Não deu outra. Há três anos e meio, decidiu vir de mala e cuia. “O lugar com o qual eu mais me identifico, com ares da Hungria, é Minas Gerais, sem dúvidas. Antigas fazendas entre morros, pedras, corredeiras e cachoeiras envoltas de brumas me evocam cenários de minhas origens”, diz. “E, por que não, a música mineira?” Extasiado, comprou uma linda casinha no bairro Cascalho, onde implantou, em maio deste ano, o CIGAM Tiradentes.

CIGAM

“Os franceses usam a palavra aprender para ensinar”, pontua Guest. E é exatamente com este espírito que o compositor conduz o CIGAM Tiradentes. Para ele, pedagogia e educação musical passam ao largo da velha fórmula informar e treinar. “Ensinar é injetar autoestima. Aula não é lugar de cobrar tarefas, mas, sim, de criar músicas que o aprendiz não sabe que sabe”, explica, categoricamente. “O professor ensina muito mais do que sabe e, através de ensinar, aprende mais do que ensinou”, considera, citando Kodály. “Com as tarefas bem cumpridas, vem a maior alegria da vida, descobrir, e daí a autoconfiança que gera criatividade.”

O curso é dividido em três módulos. Musicalização, aberta a quem se interessa e gosta de cantar, Harmonia, para quem toca violão, piano, cavaquinho ou outro instrumento que acompanha, e Laboratório de Criação, onde Guest incentiva a criatividade, jogando a isca do som da música modal. Diferentemente da tonal, que na era da industrialização desviou a proposta ritual da música para a categoria entretenimento, inventando o cachê e o ingresso, a modal é “atitude milenar movida à emoção coletiva, onde a participação não só é permitida como desejada”, em suas palavras. “Música foi feita para fazer e não para ouvir”, ressalta.

Não há pré-requisitos para se inscrever, apenas uma entrevista informal. O critério é ter música na vida e, claro, o brilho no olhar. As aulas são ministradas uma vez por semana e o investimento é de 180 reais, com desconto progressivo para quem frequenta duas ou três matérias.

Ian Guest está prestes a ter um documentário sobre sua história lançado pela Macaca Filmes, com o título “O Imperfeccionista”. Seu songbook “Aventuras de Lápis e Borracha”, de 101 manuscritos, e o terceiro volume de seu livro/CD “Harmonia, Método Prático”, da editora Irmãos Vitale, em breve também serão publicados. Depois de viver na Hungria, na Áustria, nos Estados Unidos, na França e no Brasil – agregando as respectivas línguas –, o mestre não pretende parar nunca de transmitir seu vasto conhecimento musical. Para a sorte dos tiradentinos, foi aqui que ele escolheu ficar.

Fotos: Bruno Grossi

Restaurantes preparam cardápio especial para o X Terra

Em Tiradentes, é grande a expectativa para receber a etapa Estrada Real do X Terra 2016 que acontecerá neste sábado (24) e domingo (25) na cidade. Por isso, restaurantes, bares e cafés se prepararam para receber bem os atletas e expectadores. Enquanto alguns destacaram suas receitas saudáveis, outros elaboraram um menu especial para a ocasião. Saiba onde saborear delícias no próximo final de semana!

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Imagens XTERRA Estrada Real (Fonte: Jornal Primeira Página)

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Os destaques do Festival Artes Vertentes

Começa hoje (08) e vai até dia 18, domingo, o Artes Vertentes. Este ano, o Festival Internacional de Artes de Tiradentes terá como mote o “elogio à loucura”. Instigante, não? Mais uma vez são aguardadas diversas formas de expressão artística como teatro, cinema, literatura, música e dança. Continue lendo e saiba mais sobre os principais destaques da programação.

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Exposição de Sérgio Ramos inaugurará galeria em São Paulo

A partir desta terça-feira (09) até o dia 27 de agosto, o artista plástico Sérgio Ramos, morador de Tiradentes, terá parte de sua obra exposta na coletânea “Veritas – Exposição de Pinturas Sérgio Ramos”, em São Paulo/SP. “Já expus anteriormente na capital paulista, tenho clientes na cidade e, para mim, está sendo muito gratificante retornar, ainda mais nessa ocasião, é um grande reconhecimento”, afirma Sérgio, se referindo ao fato de suas obras inaugurarem a galeria Glen Arte, no Shopping Iguatemi Alphaville. Renomada, a galeria tem 28 anos de existência.

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A família Olímpio e seu caminho pelo esporte

Começa hoje, dia 05 de agosto, as Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro. Enquanto o clima dos jogos invade a cidade maravilhosa, em Tiradentes, uma família com talento para o esporte e muita determinação, assistirá (por enquanto, desta vez) pela TV. Conheça a história da família Olímpio que, mais que o sobrenome, tem o verdadeiro espírito esportivo no DNA.

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Família Olímpio, em Tiradentes (Por Alberto Lopes Photos)

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FestCurtas BH em Tiradentes

Nos próximos dias 20, 21 e 27 de julho Tiradentes receberá filmes participantes da 17ª edição do FestCurtas BH. As exibições acontecerão gratuitamente no SESI Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves em parceria com a Fundação Clóvis Salgado. Serão exibidas obras das Mostras Infantil, Juventude, Brasil, Minas e Internacional. “É muito positivo proporcionar que o público do interior tenha acesso ao que acontece nas grandes cidades, assim como já aconteceu este ano com a Mostra Audiovisual Itinerante da Bienal de São Paulo”, afirma Flávia Frota de Souza, gerente do SESI Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves. Confira a programação!

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